terça-feira, 18 de agosto de 2009

MST: A DEFESA DO POVO

Por Marcelo Fernandes Fonseca de Oliveira*

Acompanhamos no noticiário dos últimos dias mais uma ação do maior movimento social do Brasil, o MST. A Jornada Nacional de Lutas do MST mobilizou no último dia 12/08 trabalhadores de 11 estados, pela cobrança da Reforma Agrária e o fortalecimento dos assentamentos já existentes, além de debater com a sociedade, alternativas para a crise econômica mundial.
O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, há mais de vinte anos vem combatendo e batendo de frente as injustiças sociais ocorridas no Brasil principalmente no campo. O histórico de lutas do movimento é enorme, e na maioria vezes a mídia brasileira os apresenta como um “bando” de baderneiros financiados pelo governo.
Na verdade, a luta do MST vai além das questões agrárias. As mobilizações dos trabalhadores é uma forma de pressionar as autoridades brasileiras a aplicarem as leis, uma vez que as leis no Brasil são aplicadas somente a favor dos poderosos. João Pedro Stedile, um dos líderes do movimento disse certa vez: “se reuniões e assembléias dessem resultados em prol dos trabalhadores não seria necessário mobilizações populares”.
No tocante as questões ambientais, a Aracruz Celulose comprou mais de 300 mil hectares de terras no Rio Grande do Sul para plantar eucalipto sem licença ambiental. A monocultura deste gênero é extremamente prejudicial ao meio ambiente, uma vez que necessita de um grande volume de água para seu desenvolvimento. A área de plantio está sobre uma das maiores reservas de água doce do mundo: o Aquífero Guarani.
Como forma de chamar a atenção da opinião pública para este grave problema ambiental, as valentes mulheres do movimento ocuparam o laboratório da Aracruz e destruíram milhares de mudas que, proibidas de serem plantadas na Europa, deixariam no Brasil todo passivo ambiental. A mesma empresa doou 500 mil Reais para a campanha de Yeda Crusius, então governadora do Rio Grande do Sul. Coincidência?
Os laboratórios Monsanto e Syngenta estavam produzindo sementes transgênicas de milho e soja sem licença ambiental, o Ministério Público e o IBAMA foram acionados e não tomaram providências. Este fato só repercutiu na mídia com maior visibilidade graças à ação do MST.
Certa vez o MST ocupou uma praça de pedágio e liberou o tráfego numa rodovia do Paraná, uma das praças mais caras do país. Um Juiz deste mesmo estado declarou: “as empresas de pedágio do Paraná só não tem um lucro maior que o tráfico de cocaína”. Se não houvesse manifestação contra o pedágio certamente poucos saberiam.
Falar sobre as ações do MST, tanto no passado como agora, contra as injustiças sociais que permeiam o debate político nacional, certamente necessitaria de um espaço bem mais amplo de discussões e análises. No entanto, todas as vezes que a grande mídia manipuladora invoca a sigla MST, é para deturpar os motivos das ações. Dizer que o MST “invade” e danifica propriedade privada ou órgão público, certamente, é uma forma de deixar a população pouco esclarecida, contra o movimento.
O MST não recebe verbas de governo e não invade propriedade. O MST “ocupa”, e ocupar é tomar determinado local, público ou privado, com o povo para denunciar. O MST defende o direito do povo de se manifestar e chamar a atenção da opinião pública com o intuito de denunciar injustiças sociais que a mídia, muitas vezes não denuncia.

*Professor de História e Geografia da rede pública estadual de Poços de Caldas – MG. marceloffoliveira@hotmail.com

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